Ingressei no curso de metalurgia em 1973 e conclui em 1975 na escola de Minas - Colégio Técnico Industrial Dr Demétrio Azevedo Júnior. 

Era muito puxado, muitas vezes passávamos a noite estudando ou fazendo exercícios e ajudando os colegas nesse desafio. 

 

O mais importante do curso foi aprender a aprender, pois a quantidade de conteúdo eram muito grande.

Foi uma grande luta conseguir fazer o estágio, pois muitas empresas não aceitavam mulheres por questão de segurança. 

 

Em 1976 por ter sido uma boa aluna fui indicada para dar aula, pois naquela época muitos licenciados e graduados não aceitavam o desafio de dar aula na escola de Minas . 

Na verdade acho que se fizessem essa proposta hoje não sei se aceitaria pq a responsabilidade era muito grande: imagine dar aula de Química no lugar do meu professor  Roberto Butzer Filho.

 

Em 1977 consegui um estágio na S. A. Indústrias Votorantim no controle de qualidade da cal produzida , terminado o estágio fui admitida como funcionária e fomos procurar melhorar a qualidade da cal nos processos iniciais , principalmente na calcinação em Lavrinhas.  

Daí eu dava aula,   trabalhava e fazia faculdade em Itapetininga,  mas o serviço rotineiro do laboratório me entediava:  fazer a mesma coisa todos os dias e muitas vezes fazer por fazer , porque a produção era mais importante  que a qualidade e optei em ser somente professora, pq como professora o mesmo assunto toma caminhos diferentes dependendo da turma. 

 

Em 1985 conclui o curso de Química em Cornélio Procópio. 

Dar aulas era um desafio muito grande não só pelo conteúdo enorme que tinha que estudar, mas também pq muitos alunos eram da minha idade ou mais velhos. 

Quando estudei fiz o curso em três anos, depois o curso passou para quatro anos ou o integral em 3 anos e depois foi desvinculado a área do ensino médio com o técnico. 

Não posso deixar de registrar aqui que o primeiro laboratório de informática da escola foi montado através de uma campanha de coleta de materiais recicláveis coordenada pelo saudoso Luiz Gonzaga Monteiro. 

 

Muitas foram as visitas a São Paulo no Centro Paula Souza, inclusive uma em especial com a então diretora Maria Tereza Seglins Prestes   lutando para que o curso de metalurgia  não fosse fechado.

Alem de professora fui Supervisora de Estágio, 

Coordenadora do curso de Metalurgia e do Ensino Médio e, quando a diretora Maria Tereza Seglins Prestes se aposentou e o processo seletivo para  diretor não tinha terminado e o diretor escolhido- engenheiro Ronaldo Negrão Antonini teve problemas de saúde  assumi a direção interinamente. 

 

Foi um período muito difícil, pois além do colega Ronaldo com a saúde cada vez debilitada , foi um período onde tivemos (eu e equipe) que tomarmos muitas decisões: ampliar a segurança que na época era somente uma sala para toda  a parte administrativa e outros laboratórios, a reforma da oficina, transformando -a em laboratórios e um auditório;   a ideia do acesso para deficientes além da construção de mais salas de aulas,  a construção da cantina escolar, a mudança da biblioteca para uma sala mais ampla.. 

 

Logo depois dessa época, em 2007 me aposentei: foi dificil, pois foram 34 anos respirando a escola de Minas,  ela fazia parte de mim. 

Adquiri muitos amigos na escola e hoje sempre  me lembro deles e dela, pois ela fica no caminho que faço para o centro e sempre encontro ex -alunos que muitas vezes não seguiram a carreira do curso que fizeram , mas estão muito bem no que escolheram seguir.  

 

Meu sonho de criança era ser escritora, mas quando ingressei no curso de metalurgia eu abortei esse sonho, mas em 2002 quando o Eduardo Menk lançou um de seus livros esse sonho  voltou com força: hoje tenho um projeto de um livro com o tema " Tecendo com Palavras" que conta um pouco da minha história.

 

(texto enviado pela professora Miriam em 15/10/2020)

 

Abaixo algumas fotos cedidas pela professora.